Prosa e Poesia

A crítica me paralisa

Ana Mello


Deve ser uma das minhas falhas, tenho muitas - não lido bem com criticas. Talvez porque eu sempre considere que a pessoa que faz uma critica contundente deve ter pensado muito bem antes de falar. Quando coloca certa dose de raiva nas suas palavras então, acredito que aquilo ao qual critica deve tocar-lhe profundamente.

Nunca gostei de falhar, decepcionar ou magoar alguém, mesmo de maneira não proposital e não me consola nenhum pouco o fato de ter sido sem intenção. Também admiro a coragem de quem critica, pois não teme pelo mal que isso possa causar. Arrisca em nome da sua ideia, da sua vontade.

Em momento algum recebi criticas literárias mal educadas e sim, opiniões divergentes das minhas, geralmente em relação as minhas crônicas. Explico sempre que a crônica é uma opinião do autor e que não significa que todos devam pensar como ele ou que sejam condenados por discordar. Mudo de ideia frequentemente também, pois vou aprendendo e vendo as coisas com outro olhar a cada dia. Posso mudar de opinião e não tenho medo de dizer que mudei.

Minha experiência de tolerância a critica ao meu livro MINICONTANDO no Gauchão de Literatura tem sido suportável. Venci o David Coimbra e agora fiz um gol no Luis Dill, o que é uma conquista para um time principiante. Os juízes do Gauchão têm sido muito rígidos e detalhistas, admiro demais essa habilidade e coragem. É preciso ter segurança para uma boa critica, que no final das contas, por mais embasada que seja será a opinião do critico, óbvio.

Porém muitos escritores já me disseram que em algum momento de suas carreiras sentiram-se bloqueados devido a uma critica de pessoa especializada a um texto colocado em julgamento em uma oficina, por exemplo. Com o passar do tempo perceberam que o texto julgado poderia não ter apresentado a qualidade requerida ou mesmo que o autor tenha evoluído e mais tarde provara seu valor. Eu não me sentiria bem em demover alguém do seu caminho em função da minha opinião, por isso tomo muito cuidado ao tecer minhas criticas. Dizem também que se um escritor não tem maturidade para ouvir, não tem para escrever.

Já nas minhas atividades domésticas não admito falhar, odeio quando recebo um comentário do tipo - sal demais ou de menos, quando o cardápio não agrada, quando demora ou é servido muito cedo, enfim, fico frustrada. Ainda mais quando me esqueço de algo ou sou acusada de não ter método. Essa frase me tortura. O que é método? Diz no Aurélio que é maneira de proceder, então tenho, sou distraída. Faço as coisas de modos diferentes, sou criativa, não sigo regras para coisas cotidianas. Será isso um problema?

Ou será que os bons sentimentos temperam tudo e é isso que nos faz prosseguir?

 

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